domingo, 11 de março de 2012

20 de Março de 1977, domingo


Há muito tempo que não falo a Hadewijch, mas ela está sempre presente diante da minha boca.
O som da água corre abundantemente. A que filho te darás neste momento? Reúno as recordações mais antigas, as vagas e as precisas, sua silhueta se recorta no ponto mais íntimo da casa. Müntzer dorme, e recolhemos nosso espírito no que dizemos,
e no ciciar breve que não nos abandona. Pergunto-te o que não sei:
_Tinha-te dado uma haste metálica, igual a uma que comprara para mim. Com uma flor na ponta.
_Impressionou-me o sentido do presente. Julguei que desejavas que eu morresse.
_Como pudeste pensar...

Maria Gabriela Llansol
Um Arco Singular, Livro de Horas II
2010, ed. Assírio e Alvim
pormenor de pintura de Rogier van der Weyden

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