sábado, 12 de março de 2011

O Poema I


Esclarecendo que o poema
é um duelo agudíssimo
quero eu dizer um dedo
agudíssimo claro
apontando ao coração do homem

falo
com uma agulha de sangue
a coser-me todo o corpo
à garganta e a esta terra imóvel
onde já a minha sombra
é um traço de alarme

Luiza Neto Jorge
Terra Imóvel
1964, ed. Portugália
fotografia de David Penprase

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