sexta-feira, 11 de março de 2011

O Antes Peso da Cinza


no tempo em que os animais falavam
ficávamos ímpares de monotonia
na margem.
o barqueiro das evidências depunha-nos aos pés mais um morango cinzento
que nos dizia ainda respeito na espera e na maternidade desconhecida.
sob a sebe de damasco amarelo e dourado da orla da colina
os carteiros descreviam arcos de sub-nutrição e de paixoneta
ferindo os tímpanos da chuva com o embrião da roda da bicicleta suprema.
enquanto flatulentos flirtavam tubarões na tranquilidade.

por mais que não nos queiramos impedir
assiste-nos a dor:
a tampa do bule tem a sua circunferência,
na tampa do bule reproduz-se o lírio das tuas nádegas fumegantes.
assiste-nos anterior a ânsia.
Regina Guimarães
Abaixo da Banalidade, Abastança
1980, ed. Hélastre
desenho de Henry Moore

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