sexta-feira, 11 de março de 2011

Estoi


Havia passado a tempestade e deixara
no chão, nas bermas, covas e resíduos.
Derrubara o baixo muro de pedra
e cavara o leito da excessiva ribeira
na borda do laranjal. Do laranjal
me falava a voz agricultora, do
..................................furor
de água, da solidão daquele
..................................campo,
distância de courela a courela.
Esperava depois uma colheita
farta e tranquila, merecer
que a divina força fértil o revisitasse.
Oiço-o rasgar uma laranja salva
e úbere, e dizer-me que o tempo
é inseguro e a nossa vida curta.

Fiama Hasse Pais Brandão
Eremitério
in Obra Breve
2007, ed. Assírio e Alvim
fotografia de Lourdes Castro

Sem comentários: