quinta-feira, 31 de março de 2011

Cidades


Grandes cidades afogadas em fumo

e ruído exprimem

na nossa mente o seu silêncio

límpidos, edifícios

simples emanações da luz

que nos queima as retinas

fictícias Pensamos os lugares como

uma irrealidade O não visto apodera-se

da névoa que nos cega

Gastão Cruz

As Pedras Negras

1995, ed. Relógio d´Água

desenho de Paul Noble

quarta-feira, 30 de março de 2011

Ângelo de Sousa em artes gráficas







Uma pequena selecção de capas e extra-textos da autoria do pintor:


1958: capa do número 4 da revista "Notícias do Bloqueio"

1974: capa de "O Texto de Joao Zorro" de Fiama Hasse Pais Brandão, ed. Inova

1979: extra-texto de "Melómana" de Fiama Hasse Pais Brandão, ed. Inova

1980: exta-texto de "Fogo Suspenso" de Helga Moreira, ed. Inova

1984: extra-texto de "A Extrema Paixão" de José-Emílio Nelson, ed. Gota d´Água

1989: capa de "Dedikatória" de Egito Gonçalves, ed. do autor

1996: capa de "Os Dias Todos Assim" de Helga Moreira, ed. &etc

Ângelo de Sousa, 1938-2011


Sempre riscaste brancuras

te manchaste de marfins

pois sem ferida ...a cor não fora.

E o resto se lavava e deslavava

em manhã de barrela e nódoa

dessa luz do que não há

na tela a toda a trama ensaboando

buscando o timbre de outras primárias

luz sobre luz sobre luz sobre sombra.


Agora que rompeste a convenção do negro

e nos deixaste sem geometria de amar

estou certa de que acharás

a mão de mil dedos

o quadrado da rosa

o pássaro em seu infinito trapézio

o rio onde não falta a terceira margem

o triângulo manco de torso em osso

a fonte que é eterna

por se beber a si mesma.


Mas será que encontrarás a nossa sombra

e a resgatarás de ser anã

por entre ramos gigantes

tornando-a furta-cores

e ladra de luz

canina

agarrada às canelas do mendigo

ao cu do rico

ao caudal da multidão

como uma fotografia

instantaneamente perpétua.

Eu te imagino oscilante

como sorriso que não quer apagar-se

porque ainda morde

e lembro

a tua beleza incorrigível

de vermelho e recém-nascido

Regina Guimarães,

O Pintor Morreu

segunda-feira, 28 de março de 2011

Poetas do Amor


Senão todos algum

de nós reproduz diversos os mesmos lugares

E aquela que entra no verso para o percorrer

atrás da tua sombra serei eu.

Fiama Hasse Pais Brandão

Entre os Âmagos in Obra Breve

2007, ed. Assírio e Alvim

fotografia de Hedi Slimane

sábado, 26 de março de 2011

The Gift no Tivoli (25.3.11)

Chego agora a casa do concerto dos The Gift no Tivoli. Com datas a serem acrescentadas aos dois concertos originalmente planeados, há que dizer que tive sorte, pois, em terem-se feito apenas esses dois, eu não poderia assistir a nenhum. Ainda bem que assim não foi.
Quem tiver lido o texto que escrevi acerca de "Explode", há bem pouco tempo, terá percebido que, ainda que eu ache tratar-se de um grande álbum, tinha em relação a ele algumas reservas. E, se este concerto teve uma coisa boa é que me dissipou essas reservas.
Agora posso afirmar sem sombra de dúvida que estas canções são realmente boas e que os The Gift estão numa muito boa fase do seu percurso.
Confesso que achei a escolha de "Aquatica" para abertura do concerto bastante arriscada. Ainda que a canção esteja longe de ser uma das mais marcantes de "Explode", há que reconhecer que os Gift souberam dar-lhe a volta e torná-la uma boa introdução para o que se seguiria.
Uma das dúvias com que eu ficava relativamente a algumas (Só algumas.) canções do álbum era se não monosprezariam a voz de Sónia Tavares. Claramente não é o caso, e, ao vivo, ela ganha a devida relevância, pois trata-se de uma voz fortíssima e de um extremo perfeccionismo, e, entre nós, ainda uma voz nova, mesmo passados tantos anos.
"RGB" surpreendeu por surgir tão cedo no alinhamento, pois, tratando-se de uma espécie de cartão de visita de "Explode", seria de esperar que fosse tocado mais tarde (E sê-lo-ia, em repetição, no segundo encore.), mas era exactamente a canção necessária para espicaçar um pouco o público já que "Aquatica" é, mesmo assim, uma canção mais serena.
Seguiu-se "My Sun" que foi a única em que se sentiu uma certa deficiência sonora, na voz de Nuno Gonçalves, que soava pouco nítida. Fora essa ocasião, não me pareceu haver problemas a assinalar. "My Sun" seguiu bastante a linha de "RGB", com um ritmo contagiante que, mesmo num concerto com lugares sentados exclusivamente, fica sempre bem.
"Suit Full Of Colours" está mais na linha de "Aquatica" e é interessante que surja na parte ainda inicial do concerto pois, pelo menos a nível da letra, parece ser bem representativo da nova fase dos The Gift, ainda que, em termos de música, seja mais melancólica do que a maioria das canções que agora nos são propostas.
Depois disto, lançaram-se em "Primavera", canção cantada em português, sendo que Sónia Tavares teve o cuidado de relembrar que essa escolha de gravar em português é tudo menos recente (Relembremos "Ouvir", que pertencia a "Vinyl", o álbum de estreia.). O primeiro retorno ao passado veio a seguir, com "Fácil de Entender", louvavelmente tocado na sua versão original, apenas com voz e piano.
Ainda em regressos ao passado, seguiu-se "645", um dos dois originais de "Fácil de Entender" que, assim se confirma, anunciava já a mudança de percurso que "Explode" representaria. Escusado será dizer que foi um dos melhores momentos da noite, e aquele em que, finalmente, o público se levantou.
Depois disto, regressou-se, de vez, a "Explode", com "Made For You", que, acrescento, soa muitíssimo melhor ao vivo do que em estúdio (Mas muito melhor mesmo.), o mesmo se passando com "Mermaid Song", que aqui se torna mais perceptível, principalmente no que ao ritmo diz respeito.
"Race Is Long" era já um dos melhores momentos do álbum, e ao vivo manteve-se como um dos pratos fortes, notando-se uma grande aderência do público.
Aquela que, para mim, é a melhor canção de "Explode" e, possivelmente, a melhor canção de sempre dos The Gift, "Always Better if you Wait for the Sunrise", foi guardada para o fim do concerto, tendo Sónia Tavares assinalando, entre brincadeiras sobre os The Cure, que ela marca o lado melancólico que, justiça se faça, sempre foi uma parte crucial da música dos The Gift. Como disse, foi a canção que mais me chamou a atenção em "Explode", mas aquilo que ganha ao vivo é indescritível. Torna-se evidente que se trata de uma canção infinita, riquíssima e realmente inesquecível. Para mim, foi também o melhor momento de uma noite que, mesmo assim, não foi parca em momentos memoráveis.
Para o primeiro encore, ficaram "Let It Be By Me", a abertura do álbum e que, ao vivo, parece ainda mais astronómica e "The Singles", a famosa canção de 12 minutos, cheia de mudanças de ritmo e de estrutura. Ao vivo, tem o condão de parecer ainda mais bem articulada.
Para o segundo encore ficou a repetição de "RGB" que, pela atitude finalmente frenética do público, foi bastante melhor que a primeira interpretação, no início do concerto.
Momentos destes relembram-nos por que os The Gift são uma das nossas bandas mais originais e mais criativas e mais capazes de fazer de um concerto um momento forte.
Outro reparo que quero fazer: dizia eu no texto sobre "Explode" que, ao princípio, nos poderia parecer que este álbum assumia com mais facilidade as suas influências. Dizia no mesmo texto, no entanto, que uma audição mais atenta nos mostraria que assim não era. E, de facto, ao vivo, isso entende-se ainda mais claramente. Notamos aqui a mesma dinâmica de sempre dos Gift e quem, como eu, os acompanha desde o princípio, percebe isso muito facilmente. No fundo, nunca se repetiram, e continuam a apostar nisso. Palmas para eles.

quarta-feira, 23 de março de 2011

The Chant: This is The World We Know

CÂNTICOS PESADOS

Redes sociais como o Facebook, ainda que para mim apresentem sempre inúmeros senãos, têm de vez em quando algumas vantagens interessantes. A circulação de novas propostas a nível das artes é uma delas. Diga-se de passagem que não é uma vantagem pequena. De facto, a divulgação que existe para artistas emergentes é agora muito mais fácil e directa, na medida em que se tornou obsoleto existir um crítico que fale deles.
Ontem à noite, sem que eu percebesse muito bem como, aparece-me na barra lateral a página de uma banda de progressive-rock filandesa chamada The Chant.


Atraído pela descrição, decidi procurar. Encontrei então registo do segundo álbum, lançado no final de 2010. Tem o interessante título "This is The World We Know".
Outra vantagem dos tempos modernos e da internet é que há maneiras de, em cerca de 20 minutos e completamente à borla, ter um álbum inteiro no computador pessoal.
Assim sendo, em menos de meia hora, conheci uma banda nova e adquiri o álbum deles. E ainda bem. Como sou um pouco paranóico, acho que o progresso científico acabará por destruir o mundo, colocando-o nas mãos de uns poucos que nos dominarão, acabando por, no fim, sucumbir como os outros. Posto isto, sou absolutamente conta o progresso científico.
Mas todas as regras são confirmadas pela excepção.
E, sobre os The Chant, só digo: GRAÇAS À CIÊNCIA PELA INTERNET.
"This is the World we Know" abre com "New Reality". É uma boa abertura, na medida em que, para começar, é uma canção bastante comedida, e por outro lado, é também bastante eloquente no que toca aos objectivos musicais da banda. Percebemos aqui um conhecimento profundo do gothic metal e do doom metal, mas não a pretensão de se inserirem nesses géneros. O termo progressive rock é realmente o mais adequado. A incorporação de determinadas características mais ligadas ao metal neste tipo de sonoridade requer ou muita experiência (Que foi, por exemplo, o caso dos Anathema, que só o conseguiram plenamente ao quarto álbum.) ou então uma postura mais arriscada, baseada na experimentação, que parece ter sido a escolha dos The Chant. Assim sendo, não é estranho que aqui encontremos ecos ligeiros de A Perfect Circle, de Anathema (Não exactamente de Anathema, mas do "Judgement" (1999) dos Anathema.) ou de Tool, além dalguns clássicos, como os Dead Can Dance ou os Bauhaus.
Mas, e será isso que há de mais interessante aqui, é que os The Chant não ficam pela lição dos mestres. Há em "This is the World We Know" algo de muito original.
Como disse, "New Reality" parece-me ser uma canção comedida, no sentido em que é contida, controlada.
Logo em "Reflected" esse auto-controlo parece dar lugar a uma maior liberdade. Assim, vemos com mais nitidez a estrutura que sustém estas canções, muito mais dependente da guitarra eléctrica do que propriamente do baixo e da bateria. A qualidade dos arranjos é também aqui mais clara.
A voz de Ilpo Paasela é interessante e bastante capaz de acompanhar a atmosfera das canções, que por norma é angustiante e meditativa.
"November 1987" mostra também de uma forma bastante clara a referência ao metal que há nesta banda. Os segmentos instrumentais são executados com minúcia, assumindo uma certa inclinação para o lado barroco e complexo, mas sem exageros.
Tanto em "The Black Ascencion" como em "Will You Follow?" notamos também a importância do piano, tocado maravilhosamente por Mari Jämbäck, a única mulher da banda, assume também um lugar estrutural e orientador, evidenciando nas composições a tendência clara para o dramatismo.
Em "Will You Follow" encontramos também o deslize ligeiro para o doom-metal, que não soa nem pretensioso nem deslocado, mas perfeitamente lógico e bem construído.Os dois guitarristas da banda, Kimmo Tukiainen e Jussi Hämäläinen mostram-se também muito competentes em acompanhar o esquema complexo que as canções vão tomando, sendo que esta "Will You Follow" é o melhor exemplo da dinâmica que existe entre os músicos, em que cada instrumento tem momentos de protagonismo, conjugando-se depois tudo numa canção a que não falta nada para ser épica.
"Safe World" segue a mesma lógica de "Will You Follow" e, com ela, forma também o cerne do álbum, sendo outra das canções mais complexas, com uma construção que funde perfeitamente o lado sinfónico com o lado rítmico acrescidos ainda de momentos de explosão e momentos de pausas, deambulando a voz entre tudo isto, confundindo-se por vezes maravilhosamente com os próprios instrumentos.
Em "Common Price" voltamos a encontrar o piano como elemento orientador. Trata-se de uma das canções, apesar de tudo, mais serenas de "This is the World We Know", onde encontramos uma espécie de oscilação entre luz e trevas, algo muito semelhante à respiração, de resto.


"Armored Man", pelo contrário, assume esta oscilação como algo de drástico, movendo-se de um extremo ao outro, entre partes sussurradas e fantasmáticas e partes de uma impressionante guturalidade e violência. Fará parte, também, do conjunto das melhores canções do álbum.
A fechar, encontramos "Relativity", canção de um ritmo inesperado, naquilo que tem de sincopado, mas também canção de uma tonalidade mais leve do que todas as outras canções, com excepção de "New Reality", o que me leva a concluir que "Relativity" é uma boa canção para terminar pois, em contraponto á primeira, forma realmente um ciclo, ainda que esta seja bastante melhor do que a primeira, precisamente no sentido em que aqui sentimos o tudo-por-tudo. É uma canção tensa e que parece ser completa, na medida em que sintetiza em si todos os sentimentos, o que se consegue também muito à custa de várias alterações de ritmo e de esquema instrumental.
"This is the World We Know" é um álbum curto, mas muito conciso. Não lhe acrescentaria nada e nem lhe retiraria nada. É inesperado que uma banda que vai apenas no seu segundo álbum seja capaz de criar canções desta qualidade, mas elas aqui estão, perfeitamente capazes de ombrear com os nomes mais importantes do género de música que tocam. Vaticínios aparte, o que nos trarão futuramente os The Chant não sei, mas "This is the World We Know" é certamente um disco rock de primeira água. E isso é já suficiente.




(acima, "Armored Man")

Pequena e muitíssimo agradável surpresa



The Chant: Will You Follow?
(do álbum "This Is The World We Know", 2010)

terça-feira, 22 de março de 2011

Uma canção para o dia de hoje



Anathema: They (Will Always) Die
(versão do álbum "Serenades", 1993)

Café Castro


com cigarros dando para altos janelões
com garrafas soturnas canções vazias
medito em esquemas falhos de viabilidade
financeira – são um descanso estas imaginações
diletantes e portuguesas na recuada
cidade de Budapeste

permitem chegar apenas a este lugar isolado
ao plano B: texto que o autor não
burila no interior do café

mas proponho-lhe:
esqueça tudo isto os cartazes cubanos a empregada
curiosa e loira e avance para o poema seguinte
sem grandes remorsos

evitará demorar-se num desenho de nuvens
no tecto de um quarto (qual?)
festejar o fim de nenhuma vindima
aperceber-se do erro juvenil que é fechar um poema
com a palavra morte
sobretudo não lhe falarei de Walt Whitman
ou David Beckham

mas depois, peço-lhe
atrase-se outra vez suspenda por um momento a leitura
num desses gestos vazios: coçar a cabeça
coçar o queixo

espere que este autor recupere de novo terreno
e partamos os dois para baixo – haverá outro sítio? –
para o poema seguinte

Miguel-Manso
Quando Escreve Descalça-se
2008, ed. Trama
pintura de Edward Hopper

Agustina tem destas coisas... (22)

Homem que casa duas vezes ou é mormon ou é suicida.
.
.
.
.
.
.
de "O Concerto dos Flamengos" (1994)

16


Aborrezco a los espiritus abnegados
amantes mongólicos y anémicos.
Me repugno a mi misma,
perra zalamera,
amante moribunda,
jadeando tras de ti
en la súplica por un pedazo de carne.

_"?Cuántas patadas aguanta el perro de su amo?"
_Las necesarias para ver el amo paralítico.

Las causalidades no existen.
Victima se escribe con vict de Victoria
quien sepa llorar profesionalmente
obtenderá el fallo del jurado.

La perra arrepentida
no vuelve más
arrepentirse es costumbre de los débiles de corazón.
Estamos en la era de la autosuficiencia
("el poder está dientro de ti").
Ella no volverá
ha de aprender a masturbarse
con el rabo entre las piernas.

Miriam Reyes
Espejo Negro
2001, dvd ediciones

*****************

Aborreço os espíritos abnegados
amantes mongólicos e anémicos.
Repugno-me a mim mesma,
cadela bajuladora,
amante moribunda,
ofegando atrás de ti
na súplica por um pedaço de carne.

"_Quantos pontapés do seu dono aguenta o cão?"
_Os necessários para ver o dono paralítico.

As casualidades não existem.
Vítima escreve-se com vit de Vitória
quem saiba chorar profissionalmente
obterá o veredicto do jurado.

A cadela arrependida
não volta mais
arrepender-se é costume dos fraços de coração.
Estamos na era da auto-suficiência
("o poder está dentro de ti")
Ela não voltará
há-de aprender a masturbar-se
com o rabo entre as pernas.

Tradução de Jorge Melícias
"Terra e Sangue"
2008, ed. Cosmorama

segunda-feira, 21 de março de 2011

21 de Março, dia da poesia

Alguns da minha estante, a quem hoje, especialmente, saúdo.











organizados por ordem de publicação do primeiro livro (salvo erro): Camilo Pessanha, Fernando Pessoa, Irene Lisboa, Sophia de Mello Breyner Anderson, Natália Correia, Eugénio de Andrade, Egito Gonçalves, Mário Cesariny de Vasconcelos, António Maria Lisboa, Salette Tavares, Ana Hatherly, António Ramos Rosa, Herberto Helder, Fiama Hasse Pais Brandão, Luiza Neto Jorge, Maria Teresa Horta, Gastão Cruz, Yvette K. Centeno, Armando Silva Carvalho, Joaquim Manuel Magalhães, Jaime Rocha, Manuel António Pina, Al Berto, Eduarda Chiote, Helga Moreira, Isabel de Sá, Regina Guimarães, Luís Miguel Nava, Fátima Maldonado, Rosa Alice Branco, Rui Pires Cabral, António Carlos Cortez, Manuel de Freitas, Rui Lage, Miguel-Manso.

E os outros

que, não sendo poetas, o são muitíssimo para mim.








por ordem de publicação do primeiro álbum:
Sarah McLachlan,
Trent Reznor (Nine Inch Nails)
Tori Amos,
Eddie Vedder (Pearl Jam),
Daniel Cavanagh, John Douglas e Duncan Patterson (Anathema),
Miguel Guedes (Blind Zero),
Matt Bellamy (Muse).
(os nomes destacados são, evidentemente, os autores das letras)