sábado, 23 de outubro de 2010

Jodoigne, 4 de Maio de 1977.

Vinda de fazer compras, cheguei em frente do portão. Para mim, este tempo é o tempo de Ibn'Arabi. Ele tinha a certeza de que imaginar era aceder à auto-revelação, e que os seres se aproximavam do acto de criar, despedindo-se na solidão. Que, ao acto inicial criador imaginando o mundo, responderia a criatura imaginando o seu mundo. Naquele momento, eu imaginei que, por detrás do portão, havia um medalhão redondo,
e um cavalo próximo,
e dentro do medalhão se projectava
em miniatura,
sem ser em proporções reduzidas,
o circundante mundo exterior.

Maria Gabriela Llansol
Finita (Diário 2)
1987, ed. Rolim

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