domingo, 18 de julho de 2010

Marés Vivas: Editors

FOGO SUSPENSO

O último dia do festival Marés Vivas é em definitivo a cereja em cima do bolo: um bolo de São João cheio de cantigas populares e ambiente hedonista a que não faltam bailaricos, farturas e claro, cereveja. Refiro-me ao ambiente e à organização, claro. No que respeita os concertos, há que dizer que o dos dEUS foi definitivamente excelente, ainda que fosse o de Ben Harper o mais aguardado.
Por volta das onze e meia devia haver onze pessoas e meia realmente interessadas em ouvir os Editors, que regressam a Portugal ainda com "In This Light and On This Evening", o melhor de três álbum que a banda britânica já produziu. O concerto de Ben Harper também iria estar cheio, mas por motivos diferentes...
E se por cerca de vinte minutos pareceu a essas onze pessoas e meia que iriam ter um grande concerto: o som estava excelente, Tom Smith e companhia estavam a tocar um alinhamento inteligente e com toda a qualidade mas... foi caso para realmente se desenganarem.


Mas comecemos pelo princípio. Os Editors entraram em palco com a canção "In This Light and On This Evening" cantada numa escala mais aguda do que a do disco. Prosseguiram para "An End Has a Start" resgatado ao disco anterior.
É evidente que todas as bandas com mais do que um disco sempre aproveitam os concertos para fazer uma espécie de retrospectiva, mas no caso dos Editors quanto menos saudosismo melhor, porque o terceiro álbum é que representa realmente uma identidade para a banda que hoje se pode afirmar realmente original. A confirmação chega com estas canções que tocadas ao vivo soam ainda melhor como "Eat Raw Meat/ Blood Drool" que é mesmo mesmo uma grande canção. Mais ainda, momentos como "Fingers In The Factories", "Bones" ou o fantástico "Blood" continuam a fazer todo o sentido, bem como "The Racing Rats" que poderia perfeitamente fazer parte do álbum mais recente. "Smokers Outside The Hospital Doors" seria outro momento de apoteose até que... Tom Smith começa a emitir sinais furiosamente para o técnico de som. Recomeço. Tom Smith levanta-se e atira com a guitarra para o chão. Saem todos de palco.
Durante cerca de vinte minutos, aquelas onze pessoas e meia perguntam-se se o concerto prosseguirá ou ficarão por ali, enquanto as outras vaiavam e berravam insultos para um palco vazio. Eu cá só fiquei impressionado com isto: como é que se pode fazer um festival de música e tratar os músicos com tão pouca dignidade como fez a organização do Marés Vivas? Qual é o músico sério que gosta que se seja tão pouco sério com ele? No meio disto, penso que Tom Smith teve toda a razão, e estou certo de que se fosse eu nem voltaria para cima do palco.

Mesmo assim, os Editors acabaram por de novo entrar em palco, atalhando para "Bricks and Mortar" e o obrigatório "Papillon". Tom Smith refere os choques eléctricos de que estaria a ser vítima, razão por que havia saído, e desculpam-se por ter que abandonar mais cedo o palco.
Foi muito bom enquanto durou, nas duas partes, mas a verdade é que foi insuficiente para o ter sido realmente. Momentos do disco mais recente como "You Don´t Know Love" ou "The Big Exit" faziam realmente falta a um concerto de que se espera tanto, ou pelo menos o muito a que "In This Light and On This Evening" obriga.

Fotos: BLITZ




In This Light and On This Evening





Blood




Papillon

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