domingo, 13 de junho de 2010

uma prosa poética



Elles montent la guarde. Elles se relaient. Si leur vigilance jamais ne se relâche, elles savant pourtant se montrer discrètes, voire plaisantes, comme por atténuer la rigueur d’un châtiment à l´execution duquel elles veillent mais qu´elles n´ont pas pronocé. Elles ne jugent pas, se contentent de vérifier que l´ordre règne et ne manifestant aucune animosité à l´égard des condamnés. Il ne faut pas toutefois songer à echapper à leur surveillance: sous leur mine indifférente ou avenante, elles sont implacables, ne connaissent que le service et chacune tient à laisser tout en ordre à celle que vient la remplacer. Simplement elles n´éprouvent pas le besoin de forcer la note patibulaire, de s´harnecher d´un cuirasse ou de porter une arme. Elles sont restées féminines en dépit de leur métier. Elles se ressemblent par l’uniforme, mais chacune s’efforce, par la coiffure, le port d’un bijou ou quelque maquillage, de se distinguer de ses collègues. Elles ne cherche pas à séduire et pourtant rivalisent de subtiles coquetteries. Elles font un sale boulot, le savent; aussi se réjouissent-elles de sentir parfois, à son accueil, au moment de le relève, qu´un prisonnier les attendait, qu´elles peuvent représenter une lumière symbolique, uns présence réconfortante à défaut d´une rédemption, même pour un coeur endurci. Elles ne remercient jamais, ne distribuent aucune faveur. Les rapports entre gardes et prisonniers se maintiennent cordiaux tant que les distances sont respectées. Toute intimité entre eux est proscrite. De toute manière, elles restent muettes pendant la durée de leur garde. Elles peuvent sourire mais ne se laissent pas attendrir. Satisfaites qu´on les admire, heureuses qu´on les attende, dédaigneuses qu´on les craigne, elles sont incorruptibles et semblent na jamais être touchées de la souffrance réelle ou feinte des reclus qu´elles ont à charge de surveiller. Au moins sont-elles impartiales. Pourtant on les amerait plus faibles, plus humaines. Leur silencieuse présence suffit à faire pescer plus lourd le joug de la punition. Car l´homme, dans son inconscience, a pu croire lors de l´expulsion de l´Éden qu´il gagnait au change, qu´il troquait un jardin pour le vaste monde, alors qu´en fait il quittait l´éternité pour le bagne du temps.

Saguenail
Exils
2009, ed. Hélastre

desenho de Sadsamson (2008)
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Elas montam guarda. Cansam-se. Mesmo que a sua vigilância nunca baixe, elas sabem portanto mostrar-se discretas, até prazenteiras, como se atenuassem o rigor de um castigo daquele que elas velam sem o pronunciarem. Elas não julgam, contentam-se em verificar que a ordem reina e não manifestam nenhuma simpatia pelos condenados. Nem sempre é preciso pensar em escapar à sua vigilância: no seu rosto indiferente ou afável elas são implacáveis, não conhecem senão o seu serviço e cada uma tem que deixar tudo em ordem para a que a vem substituir. Simplesmente elas não aprovam a necessidade de forçar a nota patibular ou de exibir um látego ou de portar uma arma. São ainda femininas, apesar do seu título. Elas assemelham-se pelo uniforme, mas cada uma se esforça, pelo penteado, pela graça de um batom ou qualquer maquilhagem para se distinguir das colegas. Elas não procuram seduzir, apenas rivalizam em pequenas vaidades. Elas enchem uma sala e sabem-no, também rejubilam de por vezes sentir que, no momento da rendição, um prisioneiro as procura, que elas podem representar uma luz simbólica, uma presença reconfortante quase como uma redenção, mesmo num coração endurecido. Elas não sentem misericórdia alguma, não distribuem quaisquer favores. Os contactos entre guardas e prisioneiros mantêm-se cordiais, as distâncias são respeitadas. Toda a intimidade entre eles é proscrita. De qualquer forma, elas ficam atentas durante os seus turnos. Podem sorrir mas não o dar a entender. Satisfeitas por serem admiradas, felizes por as procurarmos, desdenhosas por as temermos, são incorruptíveis, conseguem não se comover perante o sofrimento verdadeiro ou fingido dos reclusos que estão encarregues de encarcerar. Ao menos são imparciais. Portanto amamo-las mais frágeis, mais humanas. A sua presença silenciosa chega para fazer menos pesado o jugo da punição. Porque o homem, na sua inconsciência pôde chorar a expulsão do Éden, o que ganhou na troca, trocou um jardim por um vasto mundo, por isso o fizemos desistir da eternidade pelos trabalhos forçados do tempo.


Esboço de tradução de Sadsamson

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