segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

videos que me fazem rir (terceira leva): Justin Timberlake, Cry me a River

Mais um vídeo cheio de sentido. O Justin descobre que a namorada o anda a traír e o que faz? Sai do carro debaixo de uma chuva torrencial, parte um vidro com uma pedra e demora uma eternidade a entrar, enquanto se molha mas não muito, anda pela casa num atletismo surrealista, a saltar em cima dos móveis, como se as solas dos ténis não escorregassem por causa da chuva, chama uma prostituta e grava um vídeo de vingança, algo que, parece-me, já está um bocado demodé e depois, anda a correr, em espírito, atrás da namorada, não se percebe se para a impedir de ver o vídeo por arrependimento, ou se pelo puro prazer de a perseguir. Seja como fôr, não faz muito sentido, nem parece minimamente natural.

A sorte dele é que se veste bem.

videos que me fazem rir (terceira leva): Christina Aguilera, Genie In a Bottle

Numa de vídeos coerentes, este clássico de Christina Aguilera veio-me à memória como as hormonas dela nesta música, "at the speed of light". Essa descrição está na música, não inventei.

Aparentemente, a Christina arrepende-se mais desta música do que o Joaquim Manuel Magalhães dos seus primeiros dez anos de produção. Com razão, pelo menos no caso dela. Tanta conversa sobre as reservas em perder a virgindade, ainda por cima, é um tanto contrariada pelas imagens do videoclip.

Por um lado ela diz "that don´t mean I´m gonna give it away", enquanto está deitada numa pose bastante lânguida, e os seios dela parecem querer fugir ao controlo da dona. Depois, para quem quer manter o himen no seu lugar, dar uma grande festa com moços excitados numa casa onde se está apenas com as amigas também não deve ser grande ideia. E é-o menos ainda quando se está naquela exibição de dança a sussurrar coisas como "I´m a genie in a bottle, you gotta rub me the right way".

Quem diria que uns anos depois, ela estava no "Stripped", a fazer coisas com interesse? Eu não diria, de certeza.

videos que me fazem rir (terceira leva): Jennifer Love Hewitt, Can I Go Now

Jennifer Love Hewitt era conhecida por ser actriz, em filmes como "Sei o Que Fizeste no Verão Passado", mistura de filme de terror com o Capitão Gancho do Peter Pan. Neste vídeo, que marca a sua incursão falhada no mundo da música, é estranho pensar que a rapariga canta melhor do que representa, e que mesmo assim não canta nada de especial.

A coerência também não é um ponto forte deste videoclip. A rapariga está decidida a sair de casa, mas depois salta para a banheira enquanto o namorado toma banho. O chá fumega mais que as florestas portuguesas no verão... Algo aqui não bate muito certo.

Por estas e por outras é que esta Jennifer está melhor a atravessar almas para a luz, naquela série da FoxLife, Ghost Whisperer.

videos que me fazem rir (terceira leva): J.Lo, If You Had My Love

quem vê a Jenny a queixar-se dos paparazzi e dos voyeurs no vídeo de "Jenny from The Block", nem acredita que, uns anos antes, ela tinha este verdadeiro elogio do voyeurismo. Que foi aliás, o vídeo que a deu a conhecer ao mundo. Numa observação atenta, reparei que o sujeito que a espreita pelo PC é, na realidade, o Adam Rodriguez, que é o Eric Delko em CSI-Miami. Portanto, há duas explicações lógicas:

a) a Jenny não gosta de ser espiada por jornalistas, mas se forem investigadores forenses já não se importa.

b) a Jenny está indiciada nalgum crime, e o Adam Rodriguez está a espiá-la sob as ordens do Horacio Caine...

videos que me fazem rir (terceira leva): Nelly Furtado, Say It Right

juro que não tenho nada contra "a nossa querida Nellinha". Até sou simpatizante do "Folklore". Mas a verdade é que em "Loose" não só predominam canções demasiado fáceis, como os vídeos estúpidos parecem ser também uma regra incontornável. As cenas com os bailarinos, por previsíveis que sejam, sempre poderiam resultar. Mas esta experimentação de aspectos visuais, nem o Melo e Castro conseguia, e aquela cena de estar a dançar numa ponte prestes a ser atropelada também resulta algo parvinha. Como se isto não chegasse, ainda há uma pista de helicóptero com o nome da menina, escrito naquele grafismo habitual que realmente não resulta particularmente bem... enfim... say it right, make it wrong

O Beijo de Antikonie (II)



De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.

E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.

Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.

Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.


Natália Correia
O Dilúvio e a Pomba
1979- edições Dom Quixote


imagem: Helena Almeida, Pintura Habitada

domingo, 24 de janeiro de 2010

já faltou mais...

zombie

salvation

linger (o clássico)

zombie (versão unplugged)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Rosa Alice Branco

venceu há alguns meses com "O Gado do Senhor" o Prémio de Poesia Espiral Maior, em Espanha. O livro, a ser editado no país vizinho na colecção Espiral Maior será brevemente comercializado em Portugal. Em todo o caso, no vídeo acima, a poeta lê o primeiro poema do conjunto ainda inédito entre nós.

António Lobo Antunes

sobre "O Arquipélago da Insónia"

"Sinais de Fogo" de Jorge de Sena






documentário exibido na RTP2.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

numa de revivalismos

Sete Palmos de Terra

segunda época- "Heaven", Lamb

terceira época- "A Rush Of Blood To The Head", Coldplay

quarta época- "Feelin Good", Nina Simone

quinta época: "Breathe Me", Sia Furler

algumas cenas, com "Don´t Bring Me Down" de Sia

série de Allan Ball

com Peter Krause, Michael C. Hall, Frances Conroy, Lauren Ambrose, Rachel Griffiths, Matthew St. Patrick, Jeremy Sisto, Joana Cassidy, James Cromwell, Tina Holmes... etc

e por falar no assunto...

Lamb- Gorecki

Joni Mitchell- Tin Angel

Varnished weeds in window jars
Tarnished beads on tapestries
Kept in satin boxes are
Reflections of love's memories
Letters from across the seas
Roses dipped in sealing wax
Valentines and maple leaves
Tucked into a paperback
Guess I'll throw them all away
I found someone to love today

Dark with darker moods is he
Not a golden Prince who's come
Through columbines and wizardry
To talk of castles in the sun
Still I'll take a chance and say
I found someone to love today

There's a sorrow in his eyes
Like the angel made of tin
What will happen if I try
To place another heart in him
In a Bleeker Street cafe
I found someone to love today
I found someone to love today

covers destas... valem mesmo a pena

Lou Rhodes canta "Tin Angel", de Joni Mitchell

no barroco, as freiras a escrever até pontuavam... (4)


Tenho amor, sem ter amores
Tenho amor, sem ter amores.

Este mal que não tem cura,
Este bem que me arrebata,
Este rigor que me mata,
Esta entendida loucura
É mal e é bem que me apura;
Se equivocando os rigores
Da fortuna aos desfavores,
É remédio em caso tal
Dar por resposta ao meu mal:
Tenho amor, sem ter amores.

É fogo, é incêndio, é raio,
Este, que em penosa calma,
Sendo do meu peito alma,
De minha vida é desmaio:
É pois em moral ensaio
Da dor padeço os rigores,
Pergunta em tristes clamores
A causa minha aflição,
Respondeu o coração:
Tenho amor, sem ter amores.

Soror Madalena da Glória
Brados do Desengano Contra o Profundo Sono do Esquecimento
imagem: Paul Gauguin, "Nevermore"

Meditação sobre livros em segunda mão

Há poucos dias consegui um livro daqueles que sempre achei que morreria sem encontrar. O facto é que encontrei, aos 19 anos de idade. E claro que me custou os olhos da cara (Para não usar outras expressões mais cómicas mas também mais "ordinárias".), mas tive uma epifania como há muito não tinha.
Gostava de esclarecer, já que estou numa de desabafos, que não me considero coleccionador. Neste sentido: não persigo edições, ou a edição pela edição. Quando muito, a edição pelo autor, se o apreciar muito. Mesmo que quisesse perseguir a edição pela edição, não tenho dinheiro para isso, e, num raio mínimo de seis anos (Quando terminar o curso.) não estou a ver-me tê-lo, já que nem jogo no Euromilhões e só uma vez, aos seis anos, encontrei dinheiro na rua (E mesmo assim, eram quinhentos escudos, apenas.). Além disso, mesmo passado o curso, nada me diz que tenha dinheiro para ser coleccionador. Por isso, mais vale não acalentar expectativas nesse sentido.
De qualquer forma, passado algum tempo, comecei a pensar qual o motivo que tinha levado uma pessoa qualquer a vender um livro assim. E só me visitaram duas opções: morte ou bancarrota.
E as duas opções significam, acima de tudo, desgraça.
De facto, e era essa a minha meditação essencial, o negócio dos livros (Em segunda mão, evidentemente, não me refiro a livros normais.) vive da desgraça de muita gente. Será a ordem natural das coisas? Possivelmente. Um indivíduo passa a vida inteira a arrecadar livros, até que um dia, ou morre ou fica sem dinheiro, e os livros aparecem a preços entre o moderado e o astronómico, num alfarrabista, até que alguém os compra, para mais tarde regressarem a alguma banca de alfarrabista, porque o segundo comprador também morreu ou também faliu.
Assim, a morte e a bancarrota de uns é a alegria de outros (E por vezes também a bancarrota de outros, como quase era o meu caso, agora.).
Hoje, por exemplo, estava com esse livro na mão, e dei por mim a pensar em quem teria sido o dono dele, antes de mim. A única indicação era uma etiqueta cor-de-laranja de uma livraria em Braga, com número de telefone, número esse que tem quatro dígitos. Interessante.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

hoje isto está muito à vista

Na névoa, a cidade, ébria
oscila, tomba.
Informes, as casas
perdem o lugar e o dia.
Cravadas no nada,
as paredes são menires,
pedras antigas vagas
sem princípio, sem fim.

Fiama Hasse Pais Brandão
As Fábulas
2002, edições quasi

agustina tem destas coisas 4

Comporta-se como um príncipe, o que está fora de moda.



(de Um Cão que Sonha)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

ano novo vida nova

mas a vida nova continua a velha