segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

um poema


Oh amor de todos os amores
ácido como um banho quente
longo como um naufrágio
doce como sumo de floresta.

Não se pode estar na poesia
como numa prisão
pobre contagem de cada dia
pelos dedos duma bela sem senão
e nenhuma parede onde riscar
o par do número par.

Nenhum espelho
nem a vontade de o quebrar.

Regina Guimarães
Algum(ns) Texto(s) Avesso(s) à Ideia de Obra
in Vozes e Olhares no Feminino, Afrontamento, 2001
imagem: Kazimir Malevich

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