sexta-feira, 7 de agosto de 2009

os melhores títulos de sempre

selecção puramente pessoal de títulos de livros portugueses, porque realmente, o título importa. Acho eu.

"Repetir o Poema" de Isabel de Sá
(Além da fina ironia de dar este título a um volume de poesia reunida, "Repetir o Poema" resulta também no que toca a mostrar que, como António Guerreiro muito bem viu, um poema repete palavras já existentes numa repetida conquista do direito à fala. A crítica veio no Expresso.)

"Eu Hei-de Amar Uma Pedra" de António Lobo Antunes
(Verso de uma canção popular de Reguengos de Monsaraz, "Eu Hei-de Amar Uma Pedra" não deixa de ser uma ideia de brutal solidão, que o livro, como quase todos os do autor, explora.)

"Os Sítios Sitiados" de Luiza Neto Jorge
("Os Sítios Sitiados" são os poemas? Os livros? As ideias? As palavras? Lendo a poesia da autora, que este volume reúne (Com excepção do livro póstumo, "A Lume".), percebemos que "Os Sítios Sitiados" podem ser isto tudo, e mais coisas.)

"Em Cada Pedra Um Voo Imóvel" de Fiama Hasse Pais Brandão
(Podia ser sobre droga, dadas as pedras e os voos e a imobilidade deles, mas não me parece. Se o poema for a pedra e a sua leitura o voo que, fisicamente, não nos move, podemos esquecer os estupefacientes.)

"Lírica Consumível" de Armando Silva Carvalho
(Já Natália Correia dizia que "a poesia (...) é para comer". Logo na obra de estreia, Armando Silva Carvalho já estava de acordo.)

"Sinais de Fogo" de Jorge de Sena
(É premonitório e violento. E basta.)

"A Costa dos Murmúrios" de Lídia Jorge
(Prenúnio da queda do império colonial português, "A Costa dos Murmúrios" sintetiza na perfeição o espírito do romance de Lídia Jorge.)


mas o prémio para melhor título teria que ir para
"Título Qualquer Serve" de Irene Lisboa
(Não, para Irene Lisboa, o título não parece ser importante, aliás, "Título Qualquer Serve- Para Novelas e Noveletas". Título irónico, pois claro, e não só.)

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