sábado, 22 de agosto de 2009

A (In)Coerência do Fogo (fragmento)



Mas se o silêncio da praia- onde o mar?-
o silêncio da página
suscitassem essa música do corpo
aqueles membros brancos
vermelhos
em torno ao centro- e a respitração do mar?

Um braço, uma torção do braço pela violência do vento
um cântico na praia
o corpo contra o corpo amante amado?

Uma sílaba apenas verde ou branca
e não o torso musical
e não a pedra do mar o esplendor da praia?

Ninguém ouve o grito sobre o vento
sobre o ventre de ninguém
nada se ouve entre estas pedras
nada e aqui neste deserto
António Ramos Rosa
"As Marcas no Deserto"
&etc, 1978


imagem: Barbara Walraven

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