domingo, 2 de agosto de 2009

gastão cruz


Só a brasa das pernas despe o escuro
onde o silêncio incinerou a nua
suspensão morta do sangue e do tumulto
o limite da terra o ar a chuva

Só a vida suspende a cinza viva
que os mortos têm dentro submarina
das tábuas líquidas a pausa a dor o mito
o limite do mar o céu a vida

Só as pausas erguem os mitos no escuro
o limite da cinza o ar a morte
só os mortos têm pernas divididas

esbraseadas vivas sobre as ruas
com candeeiros amarelo forte
e campainhas rígidas de vidro

de A Morte Percutiva

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