sábado, 6 de outubro de 2007

Massive Attack: Coliseu do Porto

COM QUE VOZ?
Passavam pouco mais de vinte mintuos das dez e meia do dia 18 de Setembro, no Coliseu do Porto, quando mensagens passando em ecrãs de luzes anunciam o início do concerto dos Massive Attack. Com o Coliseu a abarrotar, literalmente, Robert "3D" Del Naja entra no palco para começar com "False Flags", segundo single de "Collected", o best of em apresentação. Um início cheio de força, surpreendente na medida em que ao vivo a densidade da versão de estúdio não se perde. A partir daqui, ao longo da noite, a promessa é sempre cumprida: além de apresentar algumas faixas do próximo álbum, revisitar uma boa parte da ainda curta discografia dos Massive Attack, dentro do possível tendo em conta os convidados: um simpático Horace Andy sempre a altura, com "Angel", "Hymn Of The Big Wheel", respectivamente de "Mezzanine" e "Blue Lines" a marcar as suas melhores presenças. Liz Fraser era, provavelmente, aquela de quem se esperava mais, e também a responsável pelo pior momento da noite, precisamente aquele que muitos estavam a espera: "Teardrop". Ainda que a versão que substitui o cravo pela guitarra acústica seja estranhamente boa, a canção correu mesmo mal a Liz, que ao começar um ou dois tons acima não se encontra capaz de acompanhar. Uma vergonha que viria a fazer esquecer definitivamente com "Group Four", onde, apesar da vocalização ser mais exigente, ela se porta irrepreensivlemente, e na última canção, antevisão do próximo álbum. Volta, Liz, estás perdoada. Deborah Miller é a terceira vocalista, aqui a fazer as vezes de Shara Nelson em "Safe From Harm" e "Unfinished Sympathy", os dois primeiros singles dos Massive Attack. Deborah tem uma voz incirvelmente semlhante á de Shara, chegando mesmo a confundir. A sua presença destaca-se, sem dúvida não só na voz, como também na sua pose, é certamente uma das pessoas mais charmosas a pisar o palco.
Quem também canta são os músicos dos Massive Attack, "Robert Del Naja e Grant "Daddy G" Marshall, por vezes juntos como no fantástico "Karmakoma" resgatado do álbum "Protection", outras vezes com Del Naja a solo, como em "Inertia Creeps", "Future Proof" ou "Butterfly Caught". Daddy G peca por estar demasiadas vezes fora do palco, fazendo-o parecer mais um convidado.
Em relação ao que mostaram do próximo álbum, "Weather Underground", as canções parecem continuar no caminho de "100th Window", que já de si era um desvio daquilo que se tinha feito até "Mezzanine". Com uma sonoridade densa e pesada, não deixa de ser entusiasmante a ideia de vermos vozes como as de Liz Fraser ou Terry Callier, já confirmados, a cantar sobre tudo isto. Destaque para a última canção da noite, uma novidade com Liz Fraser ao microfone, onde a presença de dois bateristas se denota mais do que nunca. Das canções já conhecidas, escolheram-se as que já são da praxe, caso de "Teardrop", "Angel" ou "Unfinished Sympathy", mas sente-se sempre a falta de outras músicas de menos projecção da banda de Bristol, caso de "Dissolved Girl" com Sara Jay á voz, "Black Milk/ Black Melt" com Liz Fraser, das três faixas de Sinead O´Connor naquele que é afinal o mais recente álbum de originais dos Massive Attack ou das duas de Tracey Thorn e Nicolette. Claro que ter tantos convidados numa só noite seria bom de mais para ser verdade, mas podemos sempre sonhar. O problema, queria eu dizer, foi um e só um: não se foi muito para além daquilo que se espera. Dentro daquilo que se cantou, tudo foi perfeito, sem sombra para dúvida.


Veredicto Final_ 19/20

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