sábado, 9 de dezembro de 2006

A Toada dos Aguaceiros

Caem aguaceiros
deste céu pesado
Que são mensageiros
dum vento salgado
VIVIANE, "Toada dos Aguceiros" (José Medeiros)
Não me entristece a chuva a bater nas vidraças das janelas. Não me apoquenta o meu nariz vermelho vivo a ameaçar caír tipo Michael Jackson. Não me chateia ter que usar muita roupa para andar na rua. Não tenho medo da trovoada quando ela cai. Não me preocupa a tosse constante. Até gosto de ficar de manhã meio acordado meio a dormir a ouvir o barulho da chuva contra os vidros (Principalmente se os estores taparem a luz e tiver o meu MP3 com a canção Come Away With Me da Norah Jones em repeat.). O nariz é uma parte da cara das pessoas em que raramente reparo (Só no caso de ser ESCANDALOSAMENTE invulgar.). Até gosto que esteja frio porque gosto muito de casacos e é da maneira que já os posso usar. E adoro trovoada. A tosse é como o vento, vem e vai. Agora o que eu não suporto é andar na rua quando chove. E não é porque não goste da rua quando chove. O que me leva á completa loucura são as pessoas. A sério. São tão enervantes. Apetece-me utilizar as técnicas da tortura medieval que se usavam na Inquisição naquelas pessoas irritantes que, não lhes chega ter quarda-chuva como sempre que passam debaixo de um toldo ou de um coberto de uma loja têm que passar lá por baixo. Quer dizer, eles não podem andar á chuva e o guarda-chuva também não? Que merda é essa? Eu devo referir que nunca possuí um guarda chuva por mais do que um dia, pelo que a maior parte das vezes, ando na rua com o capuz do meu casaco, e a meter-me debaixo dos toldos e cobertos das lojas. Isto quando posso. Porque graças a esses anormais, por vezes, eles, com guarda chuva, ficam debaixo dos toldos e eu mantenho-me á chuva. Ainda por cima há aqueles que levam isto ao cúmulo de se deixarem a conversar uns com os outros debiaxo dos toldos, e com guarda-chuvas. Nem passam, nem deixam passar. O garrote era um instrumento da Inquisição. Consistia num cinto com um parafuso na parte interior que era apertado um volta do pescoço das vítimas, até que asfixiassem. Eu que tivesse um...
Aquelas pessoas que passam de carro em passadeiras sem semáforo e, apesar de verem pessoas ali, especadas, debaixo da chuva a quererem atravessar, não têm a gentileza de parar. Para esses reservava um método que consistia em pendurar as pessoas ao tecto pelos pés e serrás-las a partir do meio das pernas. Estando atadas de pernas para o ar, não desmaiavam e por vezes só morriam quando já estavam serradas pelo peito. Era o que esta gente merecia... Está ali um gajo á chuva e de pé, e eles, recolhidos e sentados, não podem parar, que estão com pressa... que crueldade.
Os transportes públicos, que mais do que nunca ficam cheios. As pessoas já os usam para irem do mercado do Bolhão á Trindade (Quem é do Porto sabe que a distância é mínima.), mas, com a chuva, ficam ainda mais preguiçosas e metem-se dentro dos autocarros e do metro que é uma coisa desgraçada. Por sorte, vivendo na Baixa, estou perto da minha escola, de quase todas as lojas que posso precisar... o problema é quando preciso de ir a casa da Catarina M, que vive em Francos, e tenho que ir de Metro, ou pior, quando tenho que ir a Serralves e, como nem Metro há, tenho que ir de autocarro. Há umas semanas fui lá, e, no caminho de regresso á Baixa, vinha a dar letra com a Nita e, ás tantas, no seio de uma brincadeira, eu pus a mão na perna dela. Ok. Má ideia. Uma senhora de cerca de oitenta anos desata a desfiar o terço e nós que a ouvíssemos.
Outra coisa. A cidade fica, em geral, sem esplanadas. E isso é do pior. Espero um dia vir a ser escritor, e, se há sítio onde gosto de escrever é num café, e, se fôr numa esplanada, tanto melhor. Com a chuva, lá se vão elas, e, que remédio, escrevo no interior dos cafés, ou em casa.
Também detesto ter que andar a saltitar nos passeios porque estão cheios de poças de água. Educação Física não é o meu forte, e saltar não é um hobbie.
Tenho, por agora, a ideia do forte romantismo na chuva. Isso não passe.

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