segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Muse: Black Holes and Revelations

OS DIAS DO FIM


Bem longe de um mundo onde a Floribella vê a vida magicamente resolvida por fadas, sapatilhas, e árvores que não só são a sua mãe como lhe fazem as vontades todas; e onde dos Morangos com Açúcar saem bandas em catadupa, mas com muito poucas qualidades, os Muse lançam um disco que prima por viver neste mundo e não num outro completamente idealizado.
Não escondo a minha longa carreira como fã dos Muse, que poderia facilmente influenciar a minha opinião sobre o quarto álbum de originais da banda britânica. Mas a verdade indiscutível é que “Black Holes and Revelations”, que não tem medo de parecer uma profecia dos últimos dias na Terra, tem qualquer coisa de especial.

São onze temas onde análises sociais/políticas e paranóias futuristas desfilam pela voz de Matthew Bellamy, acompanhadas com guitarras, baixo, bateria, piano e sintetizadores, além dos arranjos de cordas e sopros.
O melhor dos Muse é que evoluem sempre, e aqui a evolução é mais evidente do que nunca. A introdução de ritmos muito demarcados e de uma componente electrónica considerável criam uma atmosfera própria que não se conhecia nos álbuns anteriores (Ainda que em “Absolution” já existissem alguns conceitos confirmados agora, parece que “Assassin” não existiria sem que primeiro existisse “Stokholm Syndrome”.) e também há uma exploração mais alargada dos vários registos da voz de Matthew Bellamy.
Como em qualquer bom disco, não se desgosta de nenhuma, mas há aquelas de que se começa a adoecer. É o caso de “Hoodoo” com um ambiente sonhador, o dramatismo de “City Of Delusion”, “Exo Politics” em ambiente de hospital psiquiátrico, a violência explosiva de guitarras e sintetizadores em “Assassin”, “Supermassive Black Hole” com a parte electrónica vivendo a paredes-meias com um registo sussurrado da voz, e principalmente a perfeição aparentemente inatingível de “Map Of The Problematique”.
As influências são mais que evidentes, Depeche Mode, The Cure, David Bowie, Jimmy Hendrix e ainda Ruffus Wainwright (“Starlight” ou “Soldier´s Poem” não deixam espaço para dúvidas.), e ainda se encontram pontos comuns com os Placebo.
No fim, entre buracos negros e revelações, fica a certeza absoluta de que estamos perante uma GRA NDE banda, e fica a boa notícia de que os Muse visitam a nossa capital a 26 de Outubro de 2006. A má notícia é que ainda falta muito.

1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigado por Blog intiresny