quinta-feira, 20 de julho de 2006

Nelly Furtado: Loose

SHE´S ON THE LOOSE...


Foi um pouco a medo que ouvi o novo álbum de Nelly Furtado, "Loose", depois do choque inicial de ter visto (E ouvido) o videoclip de "Maneater".
Enfim, mas eu não julgo um livro pela capa, nem um álbum pelo single de avanço, por isso decidi gastar um tempinho na FNAC a ouvir a luso-canadiana e os novos amigos/colaborações.
Não posso deixar de expressar a minha surpresa acerca desta viragem no percurso da cantora/ compostiora.
Começando pelo início, Nelly Furtado foi a primeira cantora a assinar contracto c0m a DreamWorks, a discográfica de Steven Spielberg, e gravou um disco chamado "Whoa Nelly", o qual (Pessoalmente) nunca me agradou especialmente, com excepção de alguns lampejos de bom gosto, mas que deixava antever uma musicien promissora.
Depois veio a primeira surpresa: o disco "Folklore". Um disco perfeito (Sim, perfeito). Desde o primeiro segundo (Em que os Kronus Quartet iniciam "One Trick Pony") até ao último (Um brilho nostálgico em "Childhood Dreams") o disco toca uma qualidade que eu nunca arriscaria apostar que Nelly atingiria.
Apesar do parcial fracasso de vendas (Suavizado com a escolha de "Força" para Hino do Euro 2004), o disco merecia a tripla (Quintopla) platina, por canções como "Try", "Picture Perfect", "The Grass Is Green" ou o dueto com Caetano Veloso "Island Of Wonder".
Nelly Furtado, folclórica, era a Nelly Furtado como seria bom que ela tivesse continuado.
No entanto, há umas semanas atrás, estava no café com uns amigos, e a nossa atenção é chamada ao ecrã, na MTV, pela imagem da Nelly a correr atrás de um cão. Ficámos curiosos para ver o que aí vinha, e é então que começa a canção.
Não. Não podia ser. Aquela não podia ser a Nelly Furtado que cantava há não muito tempo "Powerless (Say What You Want)". Não podia. Ainda tentámos acreditar que tivéssemos confundido com a Rhianna, mas não havia margem para dúvidas. A açoreana agora deu em devoradora de homens.
Fiquei com a pulga atrás da orelha, e tive que ir ouvir "Loose" do início ao fim para formular uma opinião.
Foi o que fiz.
A ideia da femme fatalle não deve ter sido da Nelly, porque nunca antes lhe tinha visto tais ideias, deve ter sido coisa do Timbaland (Quem não o viu junto ás Pussycat Dolls... enfim), mas a verdade é que acho que a voz doce e potente de Nelly e o tom inocente acada por divergir com as letras provocadoras e os ritmos frenéticos.
Nem tudo é mau, vá lá (A participação de Juanes não correu assim tão mal e algumas baladas merecem ainda uma segunda oportunidade ("God´s Hands"), ainda que soem a um simples regresso ao passado.) mas no final, só duas músicas são realmente boas: Afraid e All The Good Things... duas é pouco.
O resultado final, devo dizer, não está nada á altura do precendente "Folklore", e se eu ontem não tivesse lido uma entrevista com a senhora no JN em que ela afirma que a seguir vai experimentar coisas novas, diria que isto foi uma fortíssima desilusão.
Vamos lá ver o que o futuro reserva...

Veredicto: 10/20

quinta-feira, 6 de julho de 2006

O Espírito



(Natália Correia)


Nada a fazer amor, eu sou do bando
Impermanente das aves friorentas;
E nos galhos dos anos desbotando
Já as folhas me ofuscam macilentas




E vou com as andorinhas. Até quando?
À vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.




Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí espera




Andorinha indene ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.





Imagem: "O Baloiço"1767, de Jean Honoré Frangonard

Natália Correia nasceu em 1923 em Fajã de Baixo, nos Açores. Inserida no contexto do surrealismo, Natália está entre os mais assinaláveis autores da literatura contemporânea, tendo escrito poesia, romances, ensaios, apontamentos políticos, teatro, crónicas, tendo sido também tradutora, editora e jornalista. Morreu em 1993, legando á literatura algumas das mais brilahntes obras que esta já conheceu.

Jean Honoré Fragonard nasceu em Grasse em 1732, estudou brevemente em Itália, e, regressado a França, tornou-se num dos mais emblemáticos pintores do rococó. A obra "O Baloiço" é uma das mais importnates não só do seu trabalho como de toda a pintura rococó.

Morangos com Bolor



Há aquelas músicas que uma pessoa ouve e dá por si mesma a pensar, alto ou baixo, ou sem voz, mas a pensar
“_Vou fazer uma loucura!”
e eu hoje estava a ouvir “Black Rooster” dos The Kills, e pensei para mim mesmo, em segredo
“_Vou fazer uma loucura!”
e fiz mesmo. Então, deixei-me ver os Morangos com Açúcar.
Antes de mais, eu só gostava de fazer um pequeno parêntesis, sobre o Director Geral, o senhor José Eduardo Moniz, que é uma pessoa muito, muito, muito, muito modesta, adoro ver a forma humilde (E principalmente realista) como ele comenta os programas da TVI. (É pena não se poder ver a minha cara de ironia neste momento.)

Então, era a chegada a hora, e eu, com as mãos a tremer de medo, a suar, a olhar discretamente para todos os cantos (Não fosse alguém perceber o que eu estava a ver, seria o meu fim), a pôr a televisão baixinha, só com som suficiente para eu ouvir a voz dos actores (Ou imitações de actores, na maior parte dos casos) e a banda sonora (Um pormenor importante). Os segundos passam, sucedem-se sem pudor, tornam-se minutos, e, em pouco tempo, a série vai para o ar.
Já uma notinha muito negativa para a música do genérico (Mas quem é que escreveu aquilo? Foi por acaso um dos letristas da Claudisabel? Ou terá sido o da Romana? Bem, suponho que até esses escrevem melhor!) porque aquilo não tem nem pés, nem cabeça, nem tronco, nem braços, nem pernas (E as pernas são uma parte muito importante). Enfim, uma treta sem jeito nenhum.

No geral, tenho a dizer umas coisinhas muito más sobre a série. Verosímil? Penso que não. Aquilo é sim uma forma previsível e exagerada de retratar os adolescentes, que parece baseada ou num daqueles livros típicos de senhores e senhoras que pensam que sabem tudo sobre a faixa etária em questão, mas na verdade não sabem nada; ou então numa meia dúzia de exemplares da idade: pegam-lhes na vida e põe ali, como se fosse a vida de todos os adolescentes. (Por favor, eu tenho quase 17 anos, tal como a maior parte dos meus amigos, e nenhum de nós se comporta ou age daquela forma, e somos mesmo MUITOS- só da minha turma somos 30!)

Outro facto: aqueles personagens têm uma sorte de invejar! Não têm pais, nem encarregados de educação, nem nada do género, ninguém a quem justificar as irresponsabilidades que comentem em catadupa. Não há pais que se zangam, que os castigam, que os obrigam a estudar, a trabalhar… enfim, é tudo tão fácil quando somos nós os únicos responsáveis pela nossa pessoa.

Mais um: a história não é sempre a mesma? É que eu acho que sim. É sempre um rapaz/rapariga quem tem respectivamente uma namorada/ namorado, e depois chega outra rapariga/ rapaz, que lhe dá a volta á cabeça. O rapaz/ rapariga acaba a relação actual para se juntar a quem lhe deu a volta á cabeça, e a/o ex. despeitada/o empenha-se a 100% em fazer-lhe a vida negra.
Ora veja-se:
Na primeira série, a Joana namorava com o Ricardo. O Pipo chegou do Porto e deu-lhe a volta á cabeça. Ela acabou tudo com o Ricardo e juntou-se ao Pipo. Depois o Ricardo arranjou outra amiga (A actriz era a Filomena Cautela que agora está simpaticíssima na MTV- assim já gosto dela) para as tropelias e começaram a fazer a vida negra ao Pipo e á Joana.
Na segunda série, o Simão namorava com a Carlota. A Ana Luísa chegou com uma bolsa de estudos e deu-lhe a volta á cabeça. Ele acabou tudo com a Carlota e juntou-se á Ana Luísa. Depois a Carlota arranjou outro amigo (O actor era o Hélio Pestana que agora está a braços com o papel complicadíssimo de um alcoólico em “Dei-te Quase Tudo) para as tropelias e começaram a fazer a vida negra ao Simão e a Ana Luísa.
Na terceira série, tiveram o cuidado de mudar um pormenor ou outro. É que a ex maluca surge no seguimento de uma separação do grande amor. Ou trocado por miúdos: o Tiago e a Matilde amam-se muito. Depois separam-se. Ele começa a andar com a Cláudia. Acabam. E a Cláudia começa a fazer tudo para manter o Tiago separado da Matilde. Entretanto ela desiste e eles juntam-se de novo. Mas, como quem se ama, neste folhetim sem jeito nunca pode ter descanso agora surge uma tal Isabel que os está a tentar separar.
Não é tudo estranhamente parecido???? Eu acho que é.

Continuando nos funny facts:
Não é incrível como os únicos bons actores da série são os veteranos? Ora vejamos, a Ana Zanatti, a Paula Neves e a Sónia Brazão. E se quisermos ir ás épocas antigas, Helena Isabel, Vasco Esparteiro, Dalila Carmo (Actualmente a vestir a pele de uma bêbada em Tempo de Viver- está fantástica), Rita Salema, Carlos Mendes, Joana Seixas (Num papel muito ingrato, ainda assim), Sofia Grillo (Bem, como sempre), Almeno Gonçalves (Mal aproveitado), ou uma (Inexplicável presença de) Lurdes Norberto.
Os actores jovens são na sua infeliz maioria uns tristes sem um pingo de talento, que têm a sorte de terem uma cara e/ou um corpo bonito(s). O problema é que caras bonitas, há muitas, e o que está hoje da moda, amanhã já é do dia anterior.
E estranhamente, todos os jovens actores que passaram pelos Morangos tiveram aí as suas piores prestações, recuperando depois em trabalhos posteriores:
Liliana Santos (Brilhante no papel de Isabel Albuquerque) e Benedita Pereira em Ninguém Como Tu, Hélio Pestana e Marta Melro em Dei-te Quase Tudo, Pedro Teixeira, Ana Guiomar e Dânea Neto em Tempo de Viver e João Catarré e Patrícia Candoso em Mundo Meu (Aquela que se passava no Algarve...). Tenho que salvaguardar aqui duas pessoas:
Rita Pereira como uma excepção muito positiva, já nos Morangos mostrou como é uma excelente actriz, o que confirma agora com um papel muito medíocre, mas boa interpretação em Dei-te Quase Tudo.
E Cláudia Vieira: Infelizmente, voltei a vê-la em televisão a representar (Em “Fala-me de Amor”), e “infelizmente” porque convenhamos que ela estava muito mal, mesmo para os Morangos com Açúcar. Enfim, depois de a ver encarnar tão vergonhosamente o papel de Ana Luísa, vai ser difícil fazer-me acreditar que ela saiba representar (Vai ser preciso um papel muito muito muito muito bom…)

Mais: é impressão minha ou três quartos dos personagens são tão inconsequentes que se tornam perfeitamente dispensáveis???
Os meus exemplos preferidos: aqueles quatro besugos, o David, o Zé Milho, o Ruca (Principalmente o Ruca) e o Tópê eram para quê? Para nada. Não havia uma simbologia por trás deles (Mas isso não me surpreende, não há simbologia por trás de nenhum personagem aqui), não havia nada de importante neles, estavam ali para fazer render o peixe: formavam uma banda com nenhuma qualidade, mas sucesso garantido, e dessa forma promoviam a série. Assim sendo, andavam para ali dum lado para o outro, com a mania que eram grandes cantores (No irritante caso do irritante Angélico Vieira, a exibir o corpo também, como se faltassem por aí rapazes que vão ao ginásio) e a encher elenco.
FF, aquele fantástico cantor (Esqueci-me de avisar que sofro da Síndrome da Ironia Constante- deve ser de ouvir o “Ironic” da Alanis Morissette desde os nove anos) é igualmente um personagem previsível e sem interesse
Também o Ed, o Link, o Jota e o Sérgio (Nomes lindos, não haja dúvidas) estão ali para o mesmo efeito, têm igualmente a mania que são grandes músicos, e a música é (Supreenda-se) desprovida de qualquer qualidade.
Mas nem só a cantar são metidos os personagens inúteis, e nem só inúteis são esses personagens. Mimi podia desaparecer (Ainda que Jéssica Athaide mereça uma nota positiva, porque não é qualquer actriz que encarna uma personagem tão enervante), o Manel também podia eclipsar-se (Aquela falsa rebeldia vê-se á distância), a Bia idem aspas (os desesperos dela são desesperantes), o Cristiano (Ainda que o personagem não seja dos piores, também não acrescenta nada), a Catarina (Além do sotaque exasperante, ninguém muda de estilo e aspecto com aquela rapidez, e é das piores actrizes que por ali anda) e o próprio Gil não faz falta alguma (Uma ridicularização dos gordos, eu recusar-me-ia a interpretar tamanha auto-humilhação, eu sei do que falo, que já fui gordo, e nunca me portei daquela forma).

Continuando a desencantar os defeitos da “série juvenil” tenho que falar da banda sonora.
Como é que se consegue fazer SEMPRE uma banda sonora com escolhas tão más?
(Tenho que resguardar o “Shine On” dos meus Blind Zero, mas fora essa, não se consegue resgatar uma única boa canção para amostra.)
Ainda me lembro de quando eles passavam o “Lena” ou o “Hip Hop (Sou Eu e És Tu)” do Boss AC (Deplorável), ou ainda Belinda More, Edyta, Daniel Bedingfield, O-Zone, Blue, Kevin Lyttle, Denzel, Marieke, Paranormal, Os Moleques, Orishas, Gutto, Mito, J-Five, Daddy Yankee, Expensive Soul, Projecto X… quero dizer… enfim, quem é que não fica surdo a ouvir tanto lixo junto… felizmente, é junto, e não muito junto, porque os nomes acima referidos são exemplos contidos ao longo das seis séries que se sucederam nos últimos anos.
Também á nível de música, há que frisar alguns nomes:
Uma Melanie C com um (Comestível) “Better Alone”, acaba por sem querer, sobressair, não pela qualidade da sua canção, mas pela falta de qualidade das outras.
Uma Anna Sahlene muito promissora com “We´re Unbreakable” e “Creeps”. Ainda que não simpatize muito nem com esta loirinha, nem com a música que ela canta, reconheço que está ligeiramente acima dos restantes nomes da banda sonora.
Os Deep Insight, com “Hurricane Season” que consegue ficar á parte (Junto ao “Shine On”) das outras canções, na segunda série.
Os Fingertips que se arriscaram muito ao verem “Picture Of My Own” integrar a segunda série, ao lado de Blue, Skye Sweetnan, Patrícia Candoso e Milénio.
Uma Rita Guerra na primeira série, com “I Thought You Would Leave Your Heart With Me”, ainda que desligado de tudo o resto que esta cantora portuguesa já cantou.
Mas o maior destaque tem que ir para uma rapariga chamada Diana, que eu não sei quem é, mas que canta MUITO bem (peço desculpa, mais uma vez fui atacado pela minha Síndrome). É que ainda que a menina só cantasse mal… o problema é também o que ela canta. Fica aí uma amostra de “Apenas Um Amigo (Tu és)” para que se perceba do que eu estou a falar:

Ó baby estás enganado
Não sonhes mais acordado
Gostaste e eu também
Mas não procuro ter ninguém
Adorei sair contigo
Mas não passas de um amigo
Foi tão bom, tão bom, mas não quero compromisso

Muito bonito, não é? Aposto que depois disto o João Monge e a Sarah McLachlan vão deixar de escrever letras para canções, ao verem como ficam pequeninos, aliás, minúsculos ao lado deste masterpiece do Boss AC e de um/a tal A. Arcada para esta rapariguinha com uma histérica voz mistura de Kelly Clarkson com Spice Girls. Aliás, cantoras como Kátia Guerreiro, Mísia, Mariza… vão começar a encomendar as suas letras aos autores deste “Apenas Um Amigo (Tu És)”, abandonando assim António Lobo Antunes, Vasco Graça Moura, José Luís Peixoto, Pedro Campos, Sophia de Mello Breyner Andresen ou Fernando Pessoa (Hoje estou que nem posso da minha Síndrome).

Em conclusão, o que eu tenho estado a tentar dizer: só o Rui Vilhena é que sabe como é que se escreve uma novela. Ninguém Como Tu e agora Tempo de Viver são as melhores provas. E não é só estarem bem escritas. A nível de direcção de actores e tudo isso… estão muito acima da média. E isto é para mostrar que eu sei fazer mais coisas do que criticar. Senão ainda me vêem como um seguidor da filosofia do Vasco Pulido Valente, e eu não quero muito… enfim, eu sei falar bem (Ainda que me custe apoiar palavras do senhor José Eduardo Moniz…)

Mais umas rectificações antes do final ou (Como diriam os meus Placebo) the bitter end:
Acho uma piada aos dias em que “por acaso” aparece por lá um cantor ou uma cantora! A sério, não é impressionante? Um belo dia, uns minutos após o sol-pôr, quem é que aparece no Bar do Fred (Que nome fantástico, não haja dúvidas)? O Daniel Bedingfield. Mas isso é normal… ele ia a passar pela Praia Azul e lembrou-se
“_Olha, vou ali tomar um café ao Bar do Fred…”
e foi. E depois entrou e apareceu a mal-criadona da filha do Fred e pediu-lhe que cantasse e ele cantou. (Esqueci-me de referir o péssimo exemplo que personagens como a Teresinha constituem… Essa é que devia ser minha filha. Não me falava assim, de certeza absoluta).
Muito bonito.
E as Sugababes? As Sugababes também passaram por lá, na altura do Bar dos Rebeldes.
Elas iam também a passear por Lisboa, como fazem provavelmente todos os dias… e de repente, diz a Keisha
“_Estou cansada, dormi pouco, estou com sono.”
e a Heidi responde
“_Não te preocupes, vamos aqui ao Bar dos Rebeldes e tomas um café…”
e lá foram elas as três, e depois cantaram.
Assim como o vocalista dos Simply Red, que também passou pelo Bar dos Rebeldes. Ele estava na casa dele, e lembrou-se
“_Já sei. Vou tomar um café ao Bar dos Rebeldes.”
e lá foi ele até ao bar do Rafa cantar e tomar café…
Enfim.

E mais uma coisinha:
Depois desta série POR FAVOR não façam mais nenhuma… é que já chega de nadar na mesma pocilga… (É que eu ouvi uns murmúrios preocupantes que diziam que este projecto se vai arrastar por mais uns 7 anos e fiquei logo sem sono…)

Por último: um agradecimento á minha irmã, que me forneceu os dados [CD´s, revistas, nomes de personagens e lugares, resumos do enredo…] todos para dilacerar a imagem de uma das suas novelas preferidas. Obrigado.

sábado, 1 de julho de 2006

Lou Rhodes no Cinema da Batalha

A CANTORA MAIS QUE PERFEITA

Quando, num tema inédito, Lou Rhodes canta “the more I live the less I know of this world” está a generalizar demasiado. Ela pode saber cada vez menos de outras coisas, mas no que toca á música, quanto mais ela vive, mais sabe sobre isso. O concerto de Quinta Feira, no Cinema da Batalha do Porto é a prova dos nove disso.
Ela, que começou com os Lamb há uns longínquos 10 anos (Um álbum homónimo, muito electrónico, de arranjos maximalistas, um tipo de música inédito…) está agora de regresso, em nome próprio, e isto pode trazer complicações.
Lou Rhodes poderia ter muitos problemas ao surgir a solo com um disco como “Beloved One”. Um disco acústico, minimalista, intimista e (muitíssimo) perfeccionista. Ora, com excepção da última qualidade, isto é completamente dissidente dos Lamb. Na sua estreia sem Andy Barlow, Lou abandona os teclados, a electrónica, as coisinhas pequenas, os extensos solos instrumentais… e envereda por um estilo próprio. Na medida em que o que a cantora pretendia era um disco onde não houvesse nada que não precisasse de lá estar, foi muitíssimo bem sucedida. Aliás, sinceramente, penso que foi a decisão correcta. Criando um novo conceito musical, Lou Rhodes impede que a sua música seja vista como Lamb sem Andy Barlow, e sim como simplesmente Lou Rhodes (por acaso tem um nome bonito).
Há alguma coisa de Lamb nestas canções, talvez seja só a voz, talvez outras coisas mais tenham subsistido, mas a essência, o sumo, é completamente inédito. E este concerto, a par com o da Aula Magna do dia anterior vem precisamente confirmar o nascimento de um novo tipo de música.
Surgindo em palco acompanhada com cinco músicos (guitarra acústica, bateria, background vocals, violino e um contrabaixo, tocado por Jon Thorne, trazido dos velhos tempos dos Lamb) Lou começa com um “No Re-Run” ainda a medir o lugar onde está (“It´s a quite beautiful place you´ve got here” começou por dizer) e avança sem medo para “Treat Her Gently”. Acompanhando-se a si mesma na guitarra, vai invadindo a sala com a sua aura angelical, na intimidade revelada de “Fortress” ou na energia de “In´Lakesh”.
Um dos momentos mais Deus-Todo-Poderoso do concerto surge agora, como “Each Moment New”, a voz a elevar-se aos céus, a bateria agressiva, o contrabaixo imparável, e um público a cantar em uníssono. Segue-se “Beloved One”, e um inédito “All We Are”. As irradiações do paraíso continuam em “Save Me”, no luxurioso “Tremble”, em “To Survive” finalmente no desespero de “Why”.
A primeira retirada da banda do palco é seguida de aplausos, assobios e pés a bater no chão, e do inevitável regresso.
Depois da promessa de um segundo disco, feita com “Bloom”, outro inédito, chega um momento indescritível. Com uma guitarra a fazer as vezes do piano, Lou apresenta uma versão totalmente transmutada (Muito mais melancólica, sem nunca perder a energia) de “Gabriel”, afinal o maior hit dos Lamb (Do álbum “What Sound”). Não havia uma única pessoa sentada, todos de pé, e a bater palmas, marcando o ritmo. Até a cantora parecia emocionada, quando terminou.
Saem de novo, para voltarem apenas três (Lou, Jon Thorne e o violinista) para um versão de “Lullaby”, também dos Lamb (Mas do álbum “Fear Of Fours”).

Penso que de facto a ex-vocalista dos Lamb fez o melhor ao iniciar uma nova sonoridade. Não só nos mostra o grande que é, como mostra que na música alternativa também há espaço para o acústico (Antony and the Johnsons e Sophie Barker já o tinham mostrado também). E grande não quer dizer só que é alta. Quer dizer que canta bem, que sabe dar um concerto, que é uma grande compositora, que é simpática e comunicativa, que é humilde e que é perspicaz.
Agora faltam mais concertos. E mais discos.